“Aquilo que paira sobre o ar e que gruda.Um encontro com
situações que me tiravam de um estado anestesiado da rotina. Situações em que a figura
humana quase nunca estava presente, mas de alguma forma sua ação sobre o mundo era
perceptível através dos objetos, normalmente objetos tecnológicos destruídos.
A aparição desses objetos se fazia recorrente e existia uma necessidade de mapear esse mundo, um mundo sem território específico que transformou a atenção do meu olhar. Um desejo implícito catalográfico. Uma necessidade de captura imediata – com o celular. Esses objetos me invadiam, interrompiam meu percurso, me descalibravam. Sentia certa inquietação e ansiedade por não compreender de onde vinha minha atração absurda por eles e, consequentemente, por tais fotografias. Me plasmei nessas coisas descartáveis.
Parecia que guardavam um segredo que precisava ser revelado. Fotografá-los se tornou uma obsessão. Um ato predatório. Queria capturar todos eles, torná-los imagem. Editá-los se tornou uma compulsão. Alterar carinhosamente o enquadramento, o contraste, a saturação. Parecia que eu estava expondo esses objetos para o mundo de forma obscena, apesar de eles mesmos já estarem expostos por si só no mundo. Eu estava falando algo que eles não conseguiam falar, ou eu não conseguia. Fuligem é vestígio que modifica a superfície. Tentativa de revelar um estado alterado de paisagem camuflada e modificar a percepção a partir dela.”
uba terra, artista multímidia, tem seu trabalho voltado para a interação entre humano e tecnologia, impermanência e decadência, identificação e ficção.
A aparição desses objetos se fazia recorrente e existia uma necessidade de mapear esse mundo, um mundo sem território específico que transformou a atenção do meu olhar. Um desejo implícito catalográfico. Uma necessidade de captura imediata – com o celular. Esses objetos me invadiam, interrompiam meu percurso, me descalibravam. Sentia certa inquietação e ansiedade por não compreender de onde vinha minha atração absurda por eles e, consequentemente, por tais fotografias. Me plasmei nessas coisas descartáveis.
Parecia que guardavam um segredo que precisava ser revelado. Fotografá-los se tornou uma obsessão. Um ato predatório. Queria capturar todos eles, torná-los imagem. Editá-los se tornou uma compulsão. Alterar carinhosamente o enquadramento, o contraste, a saturação. Parecia que eu estava expondo esses objetos para o mundo de forma obscena, apesar de eles mesmos já estarem expostos por si só no mundo. Eu estava falando algo que eles não conseguiam falar, ou eu não conseguia. Fuligem é vestígio que modifica a superfície. Tentativa de revelar um estado alterado de paisagem camuflada e modificar a percepção a partir dela.”
uba terra, artista multímidia, tem seu trabalho voltado para a interação entre humano e tecnologia, impermanência e decadência, identificação e ficção.